Ontem, o governo Dilma anunciou o aumento do salário mínimo para R$ 880, ligeiramente acima do valor previsto em lei, que seria de R$ 791. Digamos que o aumento acima do índice oficial foi de 1%. Nada contra. Da forma como o ministro do Trabalho anunciou para imprensa foi um grande feito. Disse o ministro que o novo salário mínimo representava o "aumento do poder de compra" dos trabalhadores. Imagino que o ministro estivesse se referindo ao R$ 9,00 de aumento nominal acima do IPCA para o salário mínimo.
O jornal Estadão traz como manchete da capa, o rombo de de R$ 2,9 bilhões no Orçamento Fiscal de 2016. Eu não sei mais o que dizer. Não se critico o jornal Estadão, assinante que sou, ou se critico a maneira como que o ministro da Dilma anunciou a medida. Muito estardalhaço para uma ninharia. Afinal, tem gente que crê em tudo.
A Rede Globo de Televisão, anunciou em destaque, no Jornal Nacional, o aumento do salário mínimo para R$ 880. Parece uma coisa orquestrada pelo Palácio do Planalto para fazer parecer que é agenda positiva do governo Dilma, já que a presidente está com a popularidade em baixa. A grande imprensa, maioria concessionários de serviço público, presta desserviço à população, dando destaque apenas ao que interessa ao Palácio do Planalto.
O grande problema do País não são 20 milhões de aposentados e beneficiários do sistema de previdência que receberam o aumento de salário mínimo, previsto em lei. Segundo governo, um gasto extra de R$ 2,9 bilhões em 2016. O maior problema, que a imprensa não dá destaque, mas que as agências de classificação de riscos estão de olho, é o "déficit fiscal" gigantesco. O "déficit fiscal", em vez de "superávit fiscal", é o que o governo federal gasta a mais do que arrecada. O "déficit fiscal" deste ano ficou revisado pelo governo Dilma em R$ 120 bilhões, contrariando a Lei de Responsabilidade Fiscal que prevê equilíbrio orçamentário.
O quadro da economia desenhada pelo próprio Banco Central para o ano de 2016 não é nada animador. O próprio governo admite a retração de 2,6% no próximo ano, com perspectiva de inflação ultrapassar o "teto da meta" (sic) de 6,5%. Em poucas palavras, recessão sobre recessão dá efeito cascata. O segundo ano de recessão vai pesar forte no bolso do trabalhador. Isto a Rede Globo não dá destaque. Agora que a Dilma tirou a virgindade do equilíbrio orçamentário, é de esperar que o déficit fiscal do ano de 2016 seja algo como R$ 200 bilhões, apesar de Orçamento Fiscal prever "superávit primário" de 0,5% do PIB.
Em meio ao quadro grave da economia, o maior beneficiário da situação é o setor bancário (financeiro) e empresas com empréstimos subsidiados pelo BNDES. O conjunto de famílias, as mais "enricadas" (sic meu) do País recebeu a grosso modo em 2015 mais de R$ 200 bilhões. Estas mesmas empresas serão beneficiados em 2016, com a taxa de juros Selic nas estratosfera, cerca de R$ 250 bilhões. Em contrapartida, segundo o próprio governo, o aumento de salário mínimo deverá causar "rombo" de R$ 2,9 bilhões. E o programa "carro chefe" o Bolsa Família deve receber a "esmola" de R$ 28 bilhões em 2016.
Vamos lá, população! Vamos aplaudir à presidente Dilma e a Rede Gobo de Televisão pelo aumento expressivo (R$ 9,00) do salário mínimo, que vai causar impacto de R$ 2,9 bilhões na conta do governo. Enquanto isto, nós otários vamos transferindo renda para algumas poucas famílias do País e para especuladores estrangeiros, R$ 200 bilhões em 2015 e R$ 250 bilhões em 2016. Isto é piada de mal gosto!
Dilma dá "esmola" de R$ 9 para 20 milhões de trabalhadores e beneficiários da previdência social. Muito legal! Como notícia do fim do ano está mais do que bom (sic)! Não é por menos que "The Economist" postou imagem de Cristo redentor, com as mãos vedando os olhos!
Vamos de The Economist: Dilma está em queda! Ossami Sakamori
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