Dizer para leigos em economia que estamos no meio da crise, pode soar como pregador do apocalipse. Isto não sou. Resolvi, então, apresentar alguns indicadores, os mais citados pela imprensa, para dar melhor compreensão do que está a acontecer no País. Para economistas a minha observação podem parecer uma visão ingênua sobre o tema, mas assim mesmo, arrisco a fazê-lo.
Sinais da crise:
Inflação:
No início do ano, a projeção da inflação para este ano, estava em 6,5% que é o "teto" da meta, se é que meta tem teto. A meta da inflação, para efeito de planejamento dos números do governo para 2015 foi de 4,5%. A inflação projetado pelo Banco Central, a 3 dias de terminar o ano, é de 10,7%. Isto é mais do que dobro da meta.
O maior problema é que a inflação fugiu do controle do governo. E tem mais, a curva de inflação está ascendente. Isto quer dizer que, se o governo não tomar medidas de ajustes, a inflação do ano que inicia, estourará o teto da meta (6,5%). Não há medidas anunciadas pelo novo ministro da Fazenda Nelson Barbosa que dê refresco para a inflação. Pelo contrário, é pensamento do novo ministro afrouxar a política monetária, que é lenha na fogueira da inflação.
Haja coração para acompanhar o índice inflacionário nos próximos meses. Para minha avaliação, a inflação oficial vai se aproximar dos 15% em determinado período do ano e terminando o ano com o índice próximo a deste ano, ligeiramente acima de 10%.
Apesar de índice oficial da inflação, IPCA, estar projetado em 10,7%, a "inflação do bolso", denominação minha, que traduz a inflação dos produtos de consumo do cotidiano, como alimentos e produtos do supermercado, estará na casa dos 30%. Nada que indique o contrário que a "inflação do bolso" do próximo ano seja menor do que deste ano.
A média do reajuste da renda do brasileiro, acompanha de perto a "inflação oficial", enquanto a "inflação do bolso" vai comendo a renda. Motivo pelo qual, o dinheiro está sempre "mais curto" do que a renda. Se repetir os mesmos índices de inflação para o próximo ano, a renda do brasileiro que já foi comido este ano, será comido mais uma vez no próximo ano. No final do próximo ano, a média de renda do brasileiro estará "abocanhada" mais uma vez pela "inflação do bolso".
A inflação será o principal componente da revolta do povo brasileiro contra o governo incompetente da presidente Dilma. Infelizmente, isto é positivo para quem deseja a mudança do governo.
Desemprego:
O quadro da economia continua a deteriorar. Não só as empresas fornecedoras da Petrobras, mas as indústrias de base não estão conseguindo segurar os trabalhadores nas fábricas. Em plena festa de final do ano, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) está dispensando 3 mil trabalhadores, pelo desligamento de um dos fornos de produção de aços.
Com certeza, as montadoras de automóveis que aderiram ao programa de conservação de emprego do governo Dilma, que garante o subsídio do governo às indústrias por período de um ano, vão começar a demitir no término do programa. Isto vai acontecer no segundo semestre do ano que vem.
Os governos: federal, estadual e municipal que eram eram um dos maiores contratadores de mão de obra, no próximo ano, estarão com "concursos" em suspensos.
O setor de serviço que depende da renda dos trabalhadores, em consequência ao desemprego nos setores produtivos e governos já mencionados acima, sofrerá o efeito "cascata", ou seja deverá demitir empregados por falta de demanda de serviços. É um círculo vicioso criado.
Atualmente, o País tem cerca de 10 milhões de trabalhadores fora da estatística do número de desempregado. Este contingente de trabalhadores são trabalhadores que tem menos de 30 dias da demissão e trabalhadores que estão recebendo o benefício do Seguro Desemprego, que não entra na estatística de desempregados. A continuar o quadro da economia para o próximo ano, o número de desempregado, oficial, vai saltar para algo próximo de 20 milhões de trabalhadores. O número representa cerca de 20% da força de trabalho do País.
Gasolina:
O governo ameaçou reajustar o preço da gasolina no início deste mês de dezembro, mas não o fez. O próximo aumento da gasolina deverá ocorrer após o mês de fevereiro, para não impactar no índice de inflação do mês de janeiro. O mês de janeiro é tradicional mês de reajustes de transporte coletivo nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo, que são computados no índice oficial da inflação, IPCA. Portanto, o reajuste de gasolina virá no mês de fevereiro ou março.
Energia elétrica:
Apesar de intensa chuva neste verão, os reservatórios do nordeste estão no limite mínimo. Motivo pelo qual, as usinas termoelétricas que ajudam suprir energia, não serão desligados. Com usinas termoelétricas em funcionamento e precisando recuperar um residual da tarifa do passado, a energia elétrica deverá sofrer reajuste médio de 20%, portanto dobro da inflação oficial. O reajuste de energia elétrica, vai ajudar na formação da inflação do bolso.
Juros bancários e de cartão de crédito:
Com previsão de ajustes da taxa básica de juros Selic para cima, os juros bancários e de cartão de crédito, não recuará, pelo contrário, deverão sofrer aumentos. Já neste mês de dezembro os juros médios do cartão de crédito já ultrapassa a espantosa taxa de 400% ao ano.
Conclusão:
Não há nenhum fator que motive fazer prognóstico positivo sobre a economia do próximo ano. Não, definitivamente, não sou pregador de apocalipse.
A mudança do quadro da economia, só poderá ocorrer com as novas eleições, ainda no ano de 2016. Tudo leva a crer que isto venha ocorrer, em função da falta de apoio político da presidente Dilma.
Ossami Sakamori
Original: Ossami Sakamori BlogSpot.com
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