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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Petrobras. Castelo de cartas de R$ 1 trilhão!


O assunto Petrobras, ainda não esgotou. Hoje, vou tratar sobre a prática não convencional no sistema Petrobras. O sistema Petrobras é, além da empresa Petrobras, todas subsidiárias e um conjunto de fornecedoras de serviços e produtos da Companhia. É verdade que não tenho número consolidado, porque a Petrobras não informa no seu balanço e muito menos em notas explicativas sobre os assuntos nebulosos. Mas, é fácil fazer estimativa, baseado em números do balanço da Companhia.

Para entender melhor, vamos recordar, antes de apresentar a minha análise sobre a situação do sistema Petrobras, a crise financeira mundial que começou com a crise hipotecária nos Estados Unidos. Isto foi em 2008 e o mundo global paga, até hoje, o preço daquela crise que se espalhou pelo mundo a fora. Tão somente, no ano passado os Estados Unidos mostraram sinais de recuperação àquela crise. A crise hipotecária americano estava baseado em emissão de "derivativos" dos créditos hipotecários. É aqui que reside a semelhança com o caso Petrobras.

O mercado hipotecário nos Estados Unidos era um verdadeiro "castelo de cartas". Cada carta sustentando o outro como numa "pirâmide de cartas". Quando houve inadimplência dos mutuários das hipotecas, a carta que sustentava a base da pirâmide ruiu. Em consequência o castelo de cartas ruiu e espalhou pelo mundo a fora. Isto é um exemplo clássico de "castelo de cartas" ou "pirâmide de cartas" baseado em emissão de "derivativos" atrelados aos papeis que deram origem ao empréstimo original. É o caso da Petrobras.



No sistema Petrobras há também um verdadeiro "pirâmide de cartas", escamoteado. A própria Petrobras alavancou os "futuros investimentos" tomando empréstimos no mercado financeiro nacional e internacional, emitindo títulos de difícil solvência. No balanço trimestral de setembro de 2015, estes empréstimos somavam a cifra pouco além de R$ 500 bilhões, baseado sobretudo em investimentos na área do pré-sal. Pior situação não poderia ser, pois a maior parte dos empréstimos tomados está em dólares.

Por outro lado, as fornecedoras da Petrobras, após assinatura do contrato de fornecimento, emitiam papeis derivativos como "debêntures", atrelados aos contratos de "fornecimentos futuros" dos produtos e serviços. Não se tem ideia do tamanho exato destes títulos derivativos emitidos, sobretudo pelas empreiteiras, envolvidos na Operação Lava Jato. Mas, podemos estimar que o volume desses papeis espalhados mundo a fora, equivale à própria dívida da Petrobras. Isto é, R$ 500 bilhões.

Os derivativos eram lançados, sobretudos, com "suposta garantia" de contrato de construção de plataformas de petróleo, de equipamentos, de navios, de sondas, de construção das refinarias, no ato da assinatura dos contratos com a Petrobras. A base ou garantia do "derivativo" era a mesma que a Petrobras usou para tomar empréstimo para si. Baseado no volume de empréstimo feito pela Petrobras, podemos estimar que o valor de "derivativos" alavancados no mercado financeiro nacional e internacional pelos fornecedores de produtos e serviços da Petrobras está ao redor de R$ 500 bilhões.

A Operação Lava Jato, levou a Petrobras fazer uma "parada técnica" na área de investimentos. Isto ocorreu na crise hipotecária nos Estados Unidos, por conta da inadimplência. No sistema Petrobras significa que os R$ 500 bilhões de empréstimos da Companhia mais os R$ 500 bilhões de empréstimos dos "derivativos" dos fornecedores, é a soma da "exposição de risco" do sistema Petrobras, que hoje é de R$ 1 trilhão. 

Esta parada técnica na Petrobras fez a queda da primeira carta da base da pirâmide de "derivativos" vinculados à Petrobras, o BTG Pactual do André Esteves. 

Os maiores credores dos títulos "derivativos" das empreiteiras da Petrobras foram absorvidos pelas carteiras de investimentos dos bancos oficiais como BNDES, BB e CEF. Uma boa parte destes "derivativos" foram financiados pelos Fundos de Pensão das estatais como Petrus, Previ, Funcef e outros. 

Um dos principais agentes da colocação dos títulos derivativos foi o próprio BTG Pactual com conivência e ordens do Palácio do Planalto. No entanto, o André Esteves do BTG Pactual foi preso pela Operação Lava Jato, iniciando o "desmonte" do "castelo de cartas".

Os bancos privados, já estão desfazendo dos "derivativos" de alto risco do sistema Petrobras. Os financiadores oficiais (governo federal e fundos de pensão) dos "derivativos",  no entanto, fazem gambiarras para evitar de lançar como prejuízo. Para evitar lançamento como prejuízo, estão a renovar os contratos de financiamentos nos respectivos vencimentos, na tentativa de manterem os "derivativos" como se recebíveis fossem. 

Até quando vão poder manter de pé a "pirâmide de cartas", é uma incógnita. 

Sou o primeiro articulista que está a fazer esta denúncia. 

É exatamente R$ 1 trilhão do castelo de catas que estou a falar, que está prestes a desmoronar. A primeira carta da base da pirâmide já ruiu, o BTG Pactual, envolvido até o pescoço na Operação Lava Jato. Outras cartas estão a ser eliminadas pelo próprio processo natural de seleção, pelo mercado financeiro. Cada carta que desmorona da base da pirâmide, fica mais instável e insustentável o "castelo de cartas" manter-se de pé.

Para piorar a situação, o Brasil passa por retração violenta na economia nos últimos dois anos. O ano de 2016 já está natimorto. O País passa por "recessão" nunca dantes vista na história recente. Somado a isto, o Brasil tem condições de aguentar mais esta queda de "castelo de cartas" do sistema Petrobras, sem passar por grave crise financeira? Eis a dúvida!

Os fatos denunciados aqui são como 2 + 2 = 4. Os fatos estão sendo escamoteados, escondidos, sob forma de práticas inaceitáveis, as das contabilidades criativas, para enganar os acionistas e financiadores. A ordem vem do Palácio do Planalto, para esconder a verdadeira situação do sistema Petrobras, para esconder a incompetência e negligência da própria administração federal. 

Esta denúncia, espero, circule pelo mercado financeiro nacional e internacional, para que autoridades competentes coloquem os responsáveis, da presidente da República, do ministro de Minas e Energia e os diretores da Petrobras, onde deveriam estar, na cadeia de segurança máxima. 



O "castelo de cartas" do sistema Petrobras é de R$ 1 trilhão! A exposição de risco do sistema Petrobras representa cerca de 20% do PIB do País.

Nota: 

Risco não quer dizer rombo. Exposição de risco, quer dizer que as instituições financiadoras estão sob risco de calote até o montante indicado.

Ossami Sakamori











Original: Ossami Sakamori BlogSpot.com

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