Crédito da imagem: Estadão
Ontem à noite, o Senado Federal aprovou o nome do Ilan Goldfajn para presidência do Banco Central do Brasil. O nome foi indicado pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles para compor a equipe econômica do governo Temer. Até a sua indicação para presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn atuava como economista chefe do Banco Itaú. Ilan já foi diretor do Banco Central no governo FHC e atuou, também, como representante do Brasil no FMI.
Assistindo a sabatina no Senado Federal, não fiquei surpreendido com seus comentários sobre a política monetária. Como já disse em outras matérias, o "hábito faz monge". Ele é uma das melhores cepas do "neoliberal" moldado às dogmas do FMI. A seguir, vou tecer breves considerações sobre o que ele falou no Senado Federa.
Selic.
A taxa básica de juros Selic continuará sendo o principal instrumento de combate à inflação. Ilan Galdfajn continuará remunerando os financiadores da dívida pública interna com juros reais entre 4% a 5% para privilegiar o setor bancário, com justificativa de: a) não abalar o sistema financeiro (bancário) nacional; b) continuar atraindo capital estrangeiro especulativo (agiotas internacionais). A política de juros apregoada pelo novo presidente do Banco Central é exatamente oposta àquela que defendo na matriz econômica liberal .
Inflação.
O novo presidente do Banco Central Ilan goldfajn afirmou considerar como "meta de inflação" o "centro" da meta de 4,5%. Ilan Goldfajn concorda comigo de que a existência do "piso" e "teto" para a meta de inflação é uma deformação. Ilan disse com todas as letras que vai perseguir a meta de inflação de 4,5%, no entanto, não disse que em que tempo pretende alcançar o "centro" da meta.
Câmbio.
Na política cambial, Ilan afirmou que vai deixar o câmbio flutuar livremente, dispensando de mecanismo de intervenção. Em matéria de "política cambial" seria irresponsável fazer quaisquer afirmações como dogma fosse. É prematuro dizer que "dessa água não beberei". Explico a complexidade do tema, na sequência.
Na afirmação do Ilan, concordo em tese, a primeira parte, a de deixar de utilizar o mecanismo de intervenção cambial, como "swap cambial" ou intervenção do próprio Banco Central no "mercado futuro" de dólar, como rotina. No entanto, o mecanismo é indispensável para sair de uma crise cambial aguda provocada por qualquer motivo político interno ou mesmo por alguma crise financeira mundial, pontual.
Por outro lado, a flutuação livre do câmbio, impossibilita a formulação da política econômica para o desenvolvimento sustentável do País, já manifestado por mim na política cambial . O câmbio flutuante defendido por novo presidente do Banco Central, vai na contramão do desenvolvimento sustentável do País. Eu já manifestei na matéria já mencionada que "dólar baixo" (real valorizado) produz emprego no estrangeiro, enquanto que "dólar alto" (real desvalorizado) produz emprego no País. A própria crise econômica que passa o País, no momento, grande parte é resultado da política cambial equivocada praticada pelo governo Lula e Silva. O almoço está saindo muito caro para a população brasileira.
Conclusão.
Pelo exposto, podemos concluir que as medidas propostas pelo novo presidente do Banco Central não produzirão os efeitos imediatos na economia. As medidas anunciadas pelo Ilan Goldfajn não criará novos empregos, no horizonte de curto prazo. Com a politica monetária desenhada pelo novo presidente do Banco Central, vamos assistir o País sangrando por mais algum tempo, até que os agentes econômicos acreditem na mudança do cenário econômico. O número de desempregados, mesmo com Ilan Galdfajn baterá os 14 milhões até o final do ano. E não se pode afirmar que a "depressão" terminará no curto prazo.
Para mim, particularmente, que sou defensor da teoria liberal , aceito o nome do Ilan Goldfajn com "gosto amargo" na boca, sobretudo após ver o desenho dos atos que praticará frente ao Banco Central.
É uma pena que o projeto do desenvolvimento sustentável do País fique mais uma vez para o futuro.
Ossami Sakamori
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