Dando continuidade sobre a nova "matrix" econômica, hoje vou abordar o assunto sobre o câmbio. Não se preocupe que não vou me aprofundar no assunto, apenas vou explicar como funciona o câmbio e estabelecer algumas premissas sobre como deve nortear a administração do câmbio, pelo Banco Central do Brasil. Um pouco mais profundo do que afirmar que o câmbio deve ser flutuante.
Basicamente, há duas formas de Banco Central atuar no câmbio, o câmbio centralizado e o câmbio flutuante. Vamos falar do "câmbio flutuante" que é como o câmbio é administrado no Brasil. Ao contrário do "câmbio flutuante", o câmbio controlado ou centralizado é quando o País está com reserva próximo de zero. O que não é o caso do Brasil, no momento. O "câmbio centralizado" está mais para a situação da Venezuela, onde a reserva cambial está muito baixa, em função da baixa do preço do petróleo no mercado mundial.
O Banco Central pode "intervir" no mercado, no mercado à vista (spot), no mercado futuro ou no mercado de "swap cambial" tradicional ou reverso. O termo "câmbio flutuante" de certa forma engana as pessoas que não tem conhecimento do mercado financeiro. O "câmbio flutuante" não quer dizer que o Banco Central deixa "correr solto" o mercado de dólar. Até poderia, mas na prática não faz. Qualquer Banco Central responsável faz "intervenções", minuto a minuto, dia após dias, sempre com olhos voltados ao cenário internacional.
O "câmbio" é um dos pilares importantes da política monetária de qualquer País. O "câmbio" pode definir a situação da reserva cambial do País. O "câmbio" define o valor da moeda local em função do dólar, que é moeda de transação comercial que domina o mundo. O "dólar" foi instituído como moeda de troca, logo após o término da II Guerra Mundial. À época, além de Estados Unidos serem os vencedores da guerra, a economia do país representava cerca de 50% do PIB. Enfim, a política cambial deve ocupar o lugar de destaque na política econômica.
O "câmbio" sendo administrado pelo Banco Central do Brasil, este tem o "arbítrio" de deixar a moeda americana, mais valorizada ou menos valorizado. A política cambial deve ser suporte para o plano de desenvolvimento do País. Eu disse que o Banco Central tem instrumentos para administrar o "cambio". O dólar valorizado cria emprego no estrangeiro, enquanto o dólar desvalorizado cria emprego no País.
Os governos Lula da Silva e Dilma, optou em deixar o dólar desvalorizado para produzir a "sensação de bem estar" e a "sensação de poder de compra" da população. O governo PT fez opção de deixar real valorizado ou dólar desvalorizado. Graças ao artifício, o Brasil viveu momento em que a população pode fazer viagens aéreas ao invés de terrestres. Foi o momento que brasileiros puderam viajar para o exterior com pouco real e bastante dólar. Foi o momento em que as mercadorias nos Estados Unidos estavam sobejamente mais barato que no Brasil. Isto foi opção do governo do PT, mas sabidamente equivocada. Agora, pagamos o preço do equívoco, com inflação e desemprego.
O dólar desvalorizado causou distorções enormes na economia brasileira. As indústrias brasileiras perderam competitividade no exterior. Os produtos estrangeiros ficaram mais baratos do que que os produtos nacionais. Importar ficou mais barato do que produzir aqui no Brasil. A indústria brasileira que representava 26% do PIB no final do governo FHC, hoje, não representa menos que 12% do PIB. O Brasi viveu o "sonho" como o mundo de carnaval, que é feito de "fantasia". Brasil vive a maior ressaca da história recente.
Na nova matrix (matriz) econômica, o câmbio continuará "flutuante", mas as intervenções serão mais presentes no dia a dia. O Banco Central deve intervir no mercado de "spot" e lançar mão de "swap cambial" ou "mercado futuro" somente em casos excepcionais de crise. Os instrumentos de intervenções, como os derivativos, não devem tornar-se permanente. Só para se ter ideia, o Banco Central do governo Dilma, vem lançando mão do "swap cambial" tradicional, desde junho de 2013, após o susto do dia de cachorro louco no final de maio daquele ano.
O "câmbio", a taxa básica de juros e o depósito compulsório dos bancos devem andar de "mãos dadas". Isto depende da definição da política econômica do governo. É neste tripé que o governo deve elaborar o plano de desenvolvimento sustentável do País. Não tenho dados para definir a taxa de câmbio ideal para o crescimento sustentável, mas arrisco a dizer que deverá estar mais próximo de R$ 5 do que de R$ 4, grosso modo.
Resumindo, o "política cambial" é instrumento da política monetária, imprescindível para elaborar qualquer plano de desenvolvimento sustentável do País. Que me perdoem os economistas e articulistas econômicos pela maneira singela de explicar sobre o "câmbio".
Política cambial equivocada pode provocar desemprego.
Política cambial equivocada pode provocar desemprego.
Ossami Sakamori
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