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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Meirelles faz parte do "establishment".


Meirelles, o ministro da Fazenda, tem ponto em comum comigo no diagnóstico da situação econômica do País. Disse ele para grande imprensa que o cenário atual contamina o processo de funcionamento da economia, com aumento muito grande de incertezas, declínio nas decisões de consumo, investimento e contratações. Completou ele que a situação econômica é dramática, que há pátio de fábricas parados com 50% de sua capacidade instalada. 

A situação econômica do País é pior desde 1929, quando houve grande depressão americana e contaminou o mundo. A crise econômica brasileira atual, não se via há quase um século. Ainda assim, o ministro da Fazenda pede calma ao povo brasileiro. Meirelles está na contramão do crescimento imediato do País. Meirelles quer antes, tirar sangue do povo brasileiro para colocar o País no rumo do desenvolvimento.

A teoria do Meirelles é que o crescimento do Brasil só virá com o ajustes nas contas públicas. Após aprovação do PEC do teto dos gastos públicos, a equipe econômica pretende fazer reforma estruturante na área de previdência social e na área trabalhista. Feito os ajustes, ele "espera" que os investidores comecem a investir nos setores produtivos e os consumidores vão às compras.  

No meu ponto de vista, o povo brasileiro não aguenta esperar o período necessário para aprovação das medidas anunciadas por Meirelles. A expectativa do Meirelles é que o crescimento via ganho de confiança, virá naturalmente até o início do próximo ano. Até lá, o povo que tenha paciência, pensa o ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Para o ministro da Fazenda, o povo é apenas massa de manobra. 

Eu já disse em matérias anteriores de que, diante da grave crise econômica e social que passa, não tem como colocar o País no caminho do crescimento sustentável, sem implementação "imediata" de medidas da política monetária de impacto. Não se preocupe que não é nenhum "pacote econômico". 

A âncora do crescimento deverá ser o câmbio ajustado para que os produtos primários e manufaturados ganhem o mercado externo. No quadro recessivo, com o número de desempregado, oficial, chegando próximo de 14 milhões e número de inadimplentes rompendo a casa de 60 milhões, contar com o mercado interno para o crescimento do País é não enxergar os fatos. O Banco Central deveria intervir no mercado de câmbio utilizando-se dos mecanismos já mencionados, parcimoniosamente, no câmbio, anos níveis comentados na matéria específica anterior.   

Outra medida importante para os investidores institucionais e empresários do setor produtivos voltarem a investir em suas atividades seria, além da âncora cambial, o Banco Central estabelecer a taxa básica de juros da dívida pública federal negativos, não mais juros reais positivos de 4% a 5% reais. O Banco Central deveria, acompanhando a tendência do mercado financeiro mundial, pagar taxa básica de juros "negativos". Se me fosse dado a responsabilidade da política monetária, considerando o atual quadro da economia, praticaria juros reais negativos de 0,5%. 

A primeira medida, a da âncora cambial realista, por exemplo, em níveis acima de R$ 4,20, provocaria num primeiro momento a inflação. No entanto, o dólar alto (real desvalorizado) deixaria os produtos brasileiros competitivo no mercado internacional, trazendo como resultado a criação de novos empregos.  A eterna distorção do dólar baixo (real valorizado) leva o País à dependência externa. 

A segunda medida, a prática de taxa de juros básico Selic negativa, ela isoladamente, poderia criar uma demanda indesejada, provocando a inflação.  A medida de redução da taxa de juros deverá estar acompanhada inexoravelmente do aumento de incidência de depósito compulsório das instituições financeiras, com fim de contrair a base monetária. Com a taxa básica de juros reais negativos, os investidores institucionais voltariam investir em suas atividades produtivas, criando novos empregos. 

Há dois motivos que impedem a prática das medidas propostas nesta matéria. O primeiro motivo é que o dólar alto (real desvalorizado) acaba com a "sensação de bem estar" e a "sensação do poder de compra" da populaçao. Seria, digamos, medida "impopular", que a classe política quer ver longe. 

O segundo motivo que impedem a prática das medidas sugeridas, a de redução drástica da taxa básica de juros reais, é que mexe com o setor bancário e investidores especulativos. Hoje, o setor bancário e investidores especulativos tem ganho líquido real de cerca de R$ 200 bilhões anuais, considerado o atual nível de taxa Selic. Banqueiro tomando conta da Fazenda e Banco Central é nisso que dá. 

A isto tudo, dou nome de "establishment", que é um conjunto de forças da sociedade que são os maiores beneficiários da atual política econômica. Cada um dos leitores poderia descobrir quais os setores ou as classes sociais que fazem parte deste "establishment". 

A matriz econômica liberal, proposta por mim, no e-book Brasil tem futuro? traz alternativa viável para o desenvolvimento sustentável do País. 

Ossami Sakamori



Origin: Ossami Sakamori BlogSpot

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