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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Brasil caminha para "grau de especulação".


O risco do Brasil medido pelo CDS - Credit Default Swap, um tipo de seguro contra calote, disparou na última semana. O CDS do País saiu do patamar de 305 pontos para 324 pontos, na quinta-feira, dia 6. O risco Brasil está acima da Croácia (267 pontos) e Hungria (149 pontos), que está na classificação de "grau de investimentos" como o Brasil, no momento. É certo, também, que o Brasil já passou por situação semelhante antes, conforme vou relatar abaixo.

O Brasil, na colocação do Morgan Stanley, os cinco mais frágeis o Brasil está no topo em 324 pontos, enquanto  a Turquia está em 222 pontos, Indonésia em 185 pontos, África do Sul em 222 pontos e o México em 137 pontos. Quanto menor ponto, menor o risco do País. Este número CDS do Brasil pode extrapolar os 1.000 pontos. Pela vivência no mercado financeiro, posso afirmar que isto é crível, pois que o Brasil já viveu momentos de alta tensão. 

O CDS é indicador que mostra desconfiança de investidores estrangeiros em relação ao investimento em países. Os CDS são negociados geralmente no mercado de renda fixa, como títulos do Tesouro Nacional brasileiro, são na verdade uma espécie de risco contra o calote (default) contratado por investidores. O risco Brasil já bateu 1.231 pontos na flexibilização do dólar em 1998 e 1.446 pontos com o efeito Lula em 2002. O mais baixo índice foi 142 pontos em 2012, quando o governo Dilma esbanjava em credibilidade. Desde então, o índice está em ascensão devido a possibilidade de rebaixamento da nota de riscos pelas agências de classificação para o "grau de especulação". Nos últimos dias a ascensão do CDS tem sido ascensão preocupante.

O dólar na sexta-feira fechou em nível praticamente estável em R$ 3,50. O motivo da estabilidade tem componente técnico, o Banco Central ofereceu títulos do próprio Banco Central denominado "swap cambial tradicional", que são títulos emitidos e resgatados em reais, corrigido pela variação cambial do período, tanto para cima ou para baixo. O investidor poderá lucrar ou ter prejuízo com aplicação em swap cambial tradicional, dependendo da cotação do dólar no dia do vencimento. A aplicação funciona como "hedge" ou "proteção" a eventual valorização do dólar, para empresas e pessoas que tem exposição de riscos em dólares. Isto é uma forma de "mitigar" a crise cambial. 

A reserva cambial que no início do ano, estava em cerca de US$ 375 bilhões, ontem fechou ligeiramente inferior a US$ 370 bilhões. A reserva cambial brasileira em volume equivale à dívida externa brasileira pública e privada que está próximo do volume da reserva cambial. O Banco Central aplica uma parte da reserva cambial em títulos do Tesouro americano a 0,75% ao ano, enquanto o Banco Central paga Selic de 14,25% sobre a dívida interna bruta, hoje em cerca de RS$ 4,3 trilhões. A situação é como aquele sujeito que deve muito ao banco e é obrigado a fazer saldo médio, para poder continuar rolando os seus empréstimos.

Alarmante é que o Brasil está pagando juros reais a mais alta entre 40 maiores economia do mundo perdendo somente para Turquia, grande parte pelo nível do risco Brasil ou CDS. Taxa Selic descontado da inflação, corresponde aos juros reais, hoje ao redor de 5% ao ano. Isto já é componente do risco Brasil. O Brasil segue dogma clássica do FMI do combate à inflação via elevação da taxa básica de juros, mas que na realidade é transferência da renda dos pobres para as já poucas ricas família de banqueiros. O setor bancário é que ganha adoidadamente, enquanto a população o sustenta com exorbitantes juros cobrados. Estima-se que os juros pagos corresponda ao volume ligeiramente superior a 10,5% do PIB, enquanto todo setor industrial responde por 12% do PIB. Com o Brasil caminhando para "grau de especulação", como a própria denominação especifica, o setor bancário será favorecido com a possível e provável situação.

Para a população está sendo dito que a taxa Selic de 14,25% ao ano é para segurar a inflação. A equipe econômica da Dilma, continua praticando política econômica equivocada. A taxa de juros Selic dos títulos do Tesouro tem como finalidade atrair capital especulativo estrangeiro, sobretudo. A taxa básica de juros do Tesouro Nacional não é remédio para inflação, mas apenas termômetro do grau de "credibilidade" do País. Repito: taxa Selic não é remédio, mas termômetro da credibilidade do País e do seu governante.

Ao passar a figurar no topo do índice CDS entre os cinco países monitorados pelo Morgan Stanley, é inexorável o aumento da taxa Selic pelo Banco Central na próxima reunião do COPOM, ao contrário do que foi anunciado pelo próprio Banco como o teto para taxa Selic. É também, sinal de alerta de que no futuro breve, o Brasil vai perder a nota de classificação de "grau de investimento" e figurar entre os países como nota de "grau de especulação", junto com os países problemáticos com a Grécia, o Portugal e a Espanha.


A Dilma e a equipe econômica está andando em cima do fio da navalha, qualquer descuido é fatal para ganhar o premio de "grau de especulação" e consequente fuga de capital estrangeiro para os portos mais seguros. Quem ganha são os banqueiros e quem perde é a população, como já visto antes. Esta situação está perto de acontecer. 

Não, não sou visionário. Sou apenas analista prudente. Torço para que o Brasil não tenha que experimentar situações vividas anteriormente pelo País. Infelizmente, com a Dilma, a possibilidade de acontecer uma crise cambial é real. Eu diria que o futuro do Brasil com Dilma está cada vez mais nebuloso.  Os números não mentem. 

Ossami Sakamori



 @SakaSakamori




Origin: Ossami Sakamori BlogSpot.com

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