Por Mônica Torres
Hoje em especial quero me dirigir a ti, meu Deus, como filha. Quero que compreendas a dificuldade de elaborar uma prece com as palavras simples, quando meu desejo é tão carregado de emoções ricas.
Aqui, de onde eu escrevo, há limites, porque apesar de perfeita a natureza da matéria com que me fizeste, minha pequenez espiritual ainda engatinha pelo terreno bruto da evolução, e assim, não sou capaz de alçar estágios mais avançados de uso desse intelecto.
Então, apenas som a compreensão limitada que os filhos têm dos pais e no gozo pleno do privilégio de ser amados incondicionalmente, eu Te procuro agora, meu Deus, para te falar hoje, mais do que ouvir.
Há dias venho me ressentindo da chegada do dia de hoje, há dias tenho antevisto a alegria de uns e a tristeza de outros, e Tu Senhor, sabes bem porque. Os jornais, a TV e toda sorte de vozes à volta promovem e comemoram no automático de seus cotidianos, o dia dos pais. Há pessoas nas ruas, nas lojas, nos restaurantes, nas casas simples ou elegantes, em hospitais, em abrigos, visitando os seus pais, ora com presentes, ora com abraços e beijos. Mas eu, Senhor, eu não participo desses preparativos, e tampouco da comemoração, porque levaste aquele que me era caro e a quem eu poderia abraçar com risos e carinho no dia de hoje. Então, acho que Tu conheces bem a minha queixa.
Parte de mim, amanheceu mágoa e minha primeira lembrança acompanhada de lágrimas foi para ele, meu pai. Ele não foi um homem comum e curiosamente "como tantos outros", foi diferente de todos. e o melhor pai do mundo. Eu daria tudo para que num descuido em Tua agenda sagrada, permitisses por um instante, um instante apenas, o encontro entre nós para um abraço que matasse um pouco a saudade. Mas como eu Te disse, Deus, é só parte de mim que está magoada.A outra parte, se regozija em consolo e gozo, porque compreende que apenas Tu és meu pai, e somente a Ti, preciso me dirigir assim. Mais que isso, não preciso sair às ruas para Te comprar um presente, nem preparar o almoço de comemoração, porque Tu estás devidamente introjetado em minha vida.
Obrigada meu Pai, por me fazeres entender que minha comemoração e festa dão-se dentro de mim e à minha volta, a cada dia que acordo e posso festejar Tua presença na minha vida.
Não há lágrimas ou mágoas na minha lembrança de Tua presença, só agradecimento pela vida em todas as faces que me permitisses viver. Há somente a sensação serena de uma presença divina que nunca vai embora, que sempre esteve aqui e a quem sempre poderei chamar de Pai.
Nesse então, refeita dos primeiros pensamentos de queixas, percebo que aquele cuja presença material, em minha vida permitisses por um tempo, aquele a quem chamei de pai por todos os dias de minha vida, é tão somente meu irmão perante Ti, e de quem cuidas com o amor, que eu, pobre de espírito, jamais poderia prover.
Mônica Torres
@nictorres
Source: Ossami Sakamori BlogSpot.com
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